Vazio Burocrático

Deixo aqui o discurso de João Pacheco, prémio Gazeta Revelação do Clube de Jornalistas. Uma chamada de atenção para a vida de uma carrada de jornalistas.

Um precário de prémio na mão tem sempre mais atenção

Obrigado.
Obrigado à minha família. Obrigado aos jornalistas Alexandra Lucas Coelho, David Lopes Ramos, Dulce Neto e Rosa Ruela.
Obrigado a quem já conhece “O almoço ilegal está na mesa”, “A caça à pedra maneirinha” e “Guardadores de sementes”.
Parabéns aos repórteres fotográficos Nuno Ferreira Santos e Rui Gaudêncio, co-autores das três reportagens, com quem vou partilhar o prémio monetário.
Parabéns também ao Jacinto Godinho, ao Manuel António Pina e à Mais Alentejo, que me deixam ainda mais orgulhoso por estar aqui hoje.

Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato.
Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos.
Se a minha situação fosse uma excepção, não seria grave. Mas como é generalizada – no jornalismo e em quase todas as áreas profissionais – o que está em causa é a democracia.
E no caso específico do jornalismo, está em risco a liberdade de imprensa

É Setembro, até para Mourinho

O New York Time decidiu acabar com os conteúdos pagos. Não só todos os artigos do NYT passam a estar online à borla como estão disponíveis 20 anos de arquivo. O press release que anuncia o degelo, aqui.

Pumpkin, ou Maddie ao contrário.

Passou quase uma semana desde que um grupo de a) putos desmiolados b) freaks desmiolados c) ecofascistas desmiolados chegou a uma herdade perto de Silves e, num hino à insubordinação desinformada, arrancou toneladas de milho transgénico à mão.

Correm litros de tinta, é abertura de telejornal, a blogosfera reage – e que reacção! – mas só hoje pude ler o título «O Ataque dos Cereal Killers». Como é que ninguém se lembrou disto antes?

Cereja em cima do bolo: a frase pode ler-se na edição de hoje do insuspeito Público, página 35.

Rapidez, segurança, tradição, competência, profissionalismo e rigor. São os lemas de uma empresa de offset, tipografia e fotolitos da Almirante Reis. Agora se calhar era boa ideia pensar em mudar de nome, é que Tecla 3 não inspira confiança nenhuma.

Os jornais estão mais fininhos mas nem por isso menos suculentos. Esta notícia é um excelente exemplo do melhor que há na silly season — e não consegui arranjar a versão do 24 Horas, que vem recheada de pormenores hilariantes.

A estupidez não se mede pela falta de inteligência ou burrice. Resulta da diferença entre a inteligência que se julga ter e aquela que efectivamente se possui. A fórmula torna-se mais perigosa quando à estultícia se junta o poder.

Se for genético chamem-lhe oligofrenia, mas não me chatêm com os vossos problemas.

Pela terra dos meus pais há quem se ande a divirtir a riscar o ‘U’ dos cartazes que anunciam a ‘FESTA ANUAL’ da aldeia. Estou na dúvida se é provocação ou revelação.